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Writer's pictureAndreia Simas

Um ano de vida nômade

Um ano de vida nômade. Um ano de dar espaço para que a vida aconteça, para que a magia ocupe seu devido espaço no pouco tempo que nos resta. Um ano de aprender a permitir que os dias passem e a gente não morra tão rápido com eles. 



                      Dia em que chegamos na nossa primeira morada nômade no centro histórico de Bogotá. Gracias, Airbnb!


Quando penso no que esse primeiro ano de vida nômade me proporcionou, é isso eu sinto. Ter deixado tantas coisas para trás para dar espaço à magia da vida que eu antes desconhecia me transformou.

Apesar da (ainda) timidez desse primeiro ano de nomadismo pandêmico, os ensinamentos e as transformações foram intensas. É como um caminho sem volta, não dá mais para voltar a viver na mesma caixa de antes. Até onde isso vai nos levar, eu não sei. Quanto vai durar, também não sei. Espero que dure para sempre. 

Não, não pretendo ficar migrando de casa em casa a cada 2 ou 3 meses eternamente, mas espero sim que esse vento de liberdade e desapego nunca deixe de soprar na minha alma.

"Yo no soy de aquí, pero tu tampoco". Disse Jorge Drexler na canção que mais representa essa etapa da minha vida, "Movimiento". O movimento vem de dentro, não de fora, como muitos pensam. A gente muda de cenário, de cama, de utensílios de cozinha, mas se não estivermos dispostos a mudar por dentro, a vida nômade só vai servir para colecionar carimbos no passaporte e milhas no cartão de crédito. 

Curiosamente a minha vida de nômade digital não começou como a da maioria, que sai do país explorando terras desconhecidas. A minha começou passando por novos bairros de Bogotá, Medellín, pela costa Caribe da Colômbia e um pouquinho de pueblitos andinos. Nada de muito novo para mim. Foram mais de 6 meses migrando "em casa", esperando a tão demorada segunda dose da vacina para poder partir.

E o destino tão esperado por mim também não era assim tão desconhecido. Meu destino sonhado era meu próprio país, Brasil. O meu país de origem, onde vivi por 22 anos, e que apesar disso ainda me parecia tão desconhecido e misterioso. Uma voz que me chamava de lá gritava desesperadamente dentro da minha alma. Ensurdecedor era esse chamado. Eu precisava me reconectar com minhas origens, viver coisas que eu ainda não tinha vivido mas que ainda assim sentia saudade. 





Quase 4 meses no meu país, passando por São Paulo, Minas Gerais, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro. E foi pouco, muito pouco. 

Essa temporada foi intensa, foi transformadora e o mais importante, foi 10x melhor do que eu esperava. Na verdade eu tinha muito medo do que me esperava por lá. Eram sombras irreais, projeções da minha cabeça. Enfrentar essas sombras e me abrir para a reconexão de alma e a alegria que habita meu país foi a melhor decisão. Como eu digo sempre, o Brasil trouxe novamente minha alma ao corpo. Ainda sinto essa energia ressoar em mim, depois de 2 meses de ter voltado às terras andinas, Bogotá. 

Um ano depois, estamos aqui outra vez, nesse lugar que é o que mais se assemelha à casa para mim, apesar de não sê-lo por completo. Depois de 4 meses intensos, de muito movimento, encontros, reencontros e muitos dólares por pagar no cartão de crédito, precisávamos cumprir compromissos familiares e buscar um refúgio para descansar, focar no trabalho e economizar dinheiro e energia. 

Com certeza este não é o lugar onde gostaria de estar agora, minha fome de mundo só aumenta a cada dia, apesar de que eu também necessitava break, esse descanso. Um ano depois de ter deixado nossa linda e inspiradora casita em Medellín, estou aqui em Bogotá planejando os próximos passos. 2022 ainda nos reserva muito "movimiento", muitas descobertas e muita magia. 

E honestamente, o momento de planejar, sonhar, traçar uma nova aventura é o mais gostoso. Aquele misto de ânsia de conhecer um mundo completamente novo e de medo do desconhecido que ainda me assola. Um misto de ansiedade boa e de picos de ansiedade negativa onde me pego pensando em "como viajar para a Europa com cão de apoio emocional", sendo que eu não tenho a menor ideia de quando poderemos fazer essa viagem. Ainda passo por momentos em que a ideia de abandonar o plano e ficar quieta cruza minha cabeça. Será melhor parar de estressar meu corpo e mente com o desconhecido e ficar aqui aproveitando minha cama e minha nova airfryer?

Por sorte esses momentos são efêmeros. Logo passam porque o grito da alma ninguém cala. Nem mesmo as nossas próprias sombras.

Nessa comemoração de um ano de umas das melhores decisões da vida eu desejo me manter aberta à magia da vida, às leis do viajante, à proteção da Deusa que habita em mim e à todos os ensinamentos incomparáveis que viver fora da caixa proporcionam. 

Muitos mais destinos e encontros para nós!

No meu IG @andreia.simas coloquei um compilado de todas as casas que tivemos nesse 1 ano. 



Abril 2022















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