Nem você, nem eu. Não somos especiais. Fizeram a gente acreditar nisso a vida inteira, mas a verdade é que não somos. Os desafios e as alegrias que temos na vida não foram feitas à medida pra nós, não. Simplesmente são resultados de uma combinação entre acaso, ações, decisões e do meio. O destino a gente faz, mas a vida às vezes decide sozinha...
Quando a gente se libera dessa crença de que “somos especiais” parece que aí sim, conseguimos ver com verdade tudo ao redor.
Uma vez uma tia me disse “tu não é a última bolacha do pacote”. Ela quis dizer que eu tinha que parar de exigir perfeição da vida e de todos porque eu não era perfeita e especial como eu pensava. Essa semana eu lembrei desse episódio e liguei pra ela só pra agradecer por ter realmente me despertado.
E hoje eu to nostálgica, me reconectando com lembranças e referências que me levam pra essa cidade aí. Minha cidade.
Nessa rua viveram meus avós, eram meio vizinhos. Nessa rua (uma das mais lindas da cidade) eles se conheceram. Minha vó, de família classe média alta abandonou um noivado com um fazendeiro pra casar com o pé rapado, guapo e inteligente do meu avô.
Eles lutaram muito juntos. Dividiram muitos pratos de comida. Dividiram muitas crises. E depois foram eles que nos deram tudo. Eles me deram perspectiva e opções na vida, opções pra eu escolher quem quisesse ser.
Sempre que eu passo perrengue ou sinto que “tenho que lutar demais”, eu lembro deles. Se eles sobreviveram à tantas coisas, eu também posso. Isso me dá uma força tremenda.
Que bom que eu entendi, que bom...
Não somos especiais. Somos únicos. E isso faz toda a diferença.
23 de Julho de 2020
Medellín
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