Minha existência não cabe nas certezas dos outros. Nos últimos dias algumas vozes voltaram a rodar na minha cabeça como um CD arranhado. Daqueles que a gente ouvia no carro e que, a cada buraco, se rasgava um pouquinho mais.
Vozes que tentam me decifrar, me definir. Lembranças de julgamentos injustos, de abandonos, de violências que te matam aos poucos com as palavras.
Meu processo nunca termina. Eu aprendi a nadar e a boiar, mas, às vezes, os velhos padrões de funcionamento da minha mente puxam meu próprio pé. E eu preciso me debater pra voltar pra minha superfície.
Eu me salvo de mim mesma e do meu passado, constantemente. E eu decidi respirar, ao invés de dar meu fôlego para outras pessoas. Preciso do meu oxigênio. Do movimento. Das pausas. Preciso me aproximar de mim para entender que todo esse mal habita lá fora. Não aqui dentro.
Eu me salvo de mim quando relembro que não nasci para andar em linha reta. Não nasci para me apegar em coisas. Não nasci para ficar parada. Muito menos para viver de certezas.
Meu ar vem do momento, do agora, dos experimentos que me divertem. Das surpresas que me lembram que minha vida vale a pena. E que ela é minha, e de mais ninguém.
7 de abril de 2024
São Paulo, SP
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