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Dos livros de história à realidade: Ouro Preto é um encontro do passado com o futuro

Chegando a Ouro Preto a paisagem muda. Os muitos caminhões, a terra vermelha, a Gerdau, tudo fica para trás, inclusive o calendário. O portal do tempo eu não sei bem onde fica, mas acho que está próximo da parte da estrada onde as montanhas ficam pretas. A cor escura da pedra se confunde com a cor escura da vegetação queimada pelo fogo. A energia fica densa, é inegável.

Talvez seja mesmo o sofrimento da mãe Terra, violada através de suas montanhas valiosas, ou pela dor dos nossos irmãos escravizados, ou pelos massacres dos povos originários dessa terra. Ali se deu a única guerra declarada de D. João contra o povo indígena. O motivo? A resistência a ocupação do seu território.

Entrar em Ouro Preto me levou para Portugal. E também para Cusco. Alguma coisa na minha cabeça conectou com esses dois lugares.

Muita lomba íngreme. Muita montanha. Muitas igrejas. Muito passado e muito futuro também, afinal, Ouro Preto é sede da UFOP e a capital das repúblicas estudantis do Brasil.

Ah e o museu da Inconfidência… cheguei com zero expectativa. Sai transtornada e transformada. Sobretudo, sai encantada. A intervenção do coletivo Refundação, misturando arte moderna, protesto e história foi simplesmente inesquecível, nunca vimos nada igual.

A Conjuração Mineira foi uma grande desculpa para gente olhar para dentro e para trás e ter a certeza de que ainda estamos construindo nossa identidade brasileira.

Também foi impossível não pensar em Mariana, em Brumadinho e no Ailton Krenak. O que ele estaria fazendo agora? Onde andará? Ailton resiste nas Minas Gerais. Liberdade, ainda que tardia. Sempre vale a pena.

E de Minas, além de kilos a mais, louças novas e doce de leite e café, trouxe a certeza de que vale a pena ser brasileira. Vale a pena estar viva nesse agora para entender o antes e construir o depois.

Te amo, MG ❤️🇧🇷✨

Igreja São Francisco